terça-feira, 18 de abril de 2017

O Zoologico do mundo!




A semana da mulher passou. Nunca fui de dar feliz dia das mulheres. Sempre achei hipocrisia vindo da boca de alguns exemplares masculinos próximos a mim em diferentes fases da minha vida.
Ainda sim gostaria de homenageá-las denunciando a historia de uma africana, u
ma mulher que no inicio do sec. XIX fez sua primeira "viagem" a Europa. Historia já contada, não só por mim, e também não será uma grande novidade, enfim, essa postagem é de oito anos atras e agora atualizo e relaciono sua curta historia com uma geração de mulheres que se rebelam, pois exigem a fatura de cada filha, filho extorquidos outrora. 


Infelizmente a historia das grandes descobertas centralizou-se e foi assim catalogada na Europa pelos seculos XIV e sec. XV. Digo infelizmente por causa daqueles desatentos historiadores e descobridores que esqueceram de invenções muito mais antigas vindas de outras partes do mundo, ja bem redondo na época. E a Europa fez a fama em cima de muitas dessas descobertas. A seda nasceu na China a cinco mil anos atras, assim como o chá. Os nativos asiaticos criaram arados de ferro de porte leve e maquinas semeadoras, capinadoras e colhedoras, dois mil anos antes que os ingleses mecanizassem a agricultura. Inventaram também a bussola mil e cem anos antes que os barcos europeus começassem a usa-la. Em outro momento escreverei sobre coisas não catalogadas no Egito e Nubia.


Talvez uma das mais autenticas invenções vindas do "velho" mundo europeu foi o comercio da carne humana. E era usado para diferente fins: Trabalho escravo, sexuais, aparições em freakshows e usos experimentais/científicos que enriqueciam muitas teorias acerca da origem do homem, embasando outras sobre a superioridade de uma raça. Naquela altura dos acontecimentos o estudo de diferentes raças despertou a curiosidades de muitos. Para a sociedade européia não bastavam as figuras, o artesanato, os papagaios e as historias vindas do outro novo mundo. Era preciso presenciar o estranho, o exótico, o selvagem. Se o homem branco era a criação mais perfeita de Deus, aqueles outros que viviam além mares, seriam obras do submundo. O diferente sempre foi e sempre será perigoso e tentador. Mas os bravos e valentes descobridores e educadores do mundo, caçaram o talento da sul africana de Khoi, Saartjie (Sarah) Baartmann, conhecida como “Vênus Hottentote” que foi levada a força da África para ser exibida em feiras, circos e salas de espetáculo de Londres e Paris, entre 1810-1815. Suas nádegas ensejam, depois de sua morte aos 26 anos de idade, a dissecação e conservação dos seus órgãos sexuais, até o século XXI. A palavra Venus, por ironia, foi usada para batizar uma serie de estatuetas de figuras femininas. Bibelos feitos e reproduzidas por séculos onde se diziam que as partes femininas eram exageradamente fora dos padrões e por isso se espalharam por museus do mundo todo. 

Viso com isso evidenciar o racismo e o sexismo indubitaveis presentes no desejo voyeurista de consumo do corpo diferente, como modo de relação ambígua e perversa que é a historia da apropriação cultural-etnica que padecem até hoje os povos primordiais desta terra. 



Gostaria de adicionar a este post antigo um video que descobri semana passada. Nele fala a Dr. phd Marimba Ani sobre as relações do branco europeu com o negro africano, tema do seu livro Yurugu. Friso que a primeira Universidade surgiu na Africa e não em outro lugar.


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